quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Justificativa de um erro absurdo

diHITT - Notícias





Justificativa de um erro absurdo Reunido de vários informes e artigos , este "post" tenta explicar o absurdo gasto no Programa Nuclear Brasileiro,espero que o leitor análise bem o conteúdo e perceba a real dimensão do fato.



  Energia Nuclear no Brasil





 Apesar de o desenvolvimento da física nuclear no Brasil ter principiado em 1938, no Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (o departamento iniciou seus estudos sobre fissão nuclear quase na mesma época em que pesquisas semelhantes ocorriam no exterior), o empenho pelas aplicações desse tipo de energia só apareceu depois do fim da II Guerra Mundial. Materializou-se a partir dos anos 50, quando o almirante Álvaro Alberto, envolvendo a comunidade científica, alertou o governo da sua importância para a segurança do país.

 A presença de radiação nuclear não é perceptível aos sentidos humanos e seus efeitos incluem aumento na incidência de câncer e defeitos genéticos, que se manifestam muito tempo depois. Inevitavelmente, o preço da energia nuclear traduz-se também no aumento de casos de doenças mentais, redução da expectativa de vida, leucemia e mortes na população que pretende usufruir de seus aparentes benefícios. O homem desenvolveu a tecnologia nuclear, mas ainda não consegue impedir as consequências nocivas ao meio ambiente.

 Dois foram os principais debates que surgiram na ocasião em relação à energia nuclear. Em primeiro lugar, discutiu-se a exportação indiscriminada, pelo Brasil, de suas reservas de minérios de importância nuclear, como o urânio e tório.

A segunda questão polêmica foi a fracassada tentativa de compra, pelo Brasil, de ultra centrífugas de origem alemã, equipamentos destinados ao enriquecimento de urânio. Impedido de adquiri-las, porque às nações detentoras da tecnologia de produção do urânio enriquecido não interessava repassá-la a países em vias de desenvolvimento, o Brasil, país rico em minérios atômicos, decidiu lançar-se numa linha autônoma de pesquisas, que permitisse o uso do urânio natural. Para isso foi criado em 1951 o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), atualmente rebatizado de Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e, em 1956, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Enquanto ao CNPq caberia financiar pesquisas e a formação de pesquisadores, à CNEN foi dada a tarefa de desenvolver a utilização da energia nuclear em todas as formas de aplicação pacífica, com crescente autonomia tecnológica; garantir a segurança das usinas nucleares, das instalações do ciclo de combustível e das demais instalações nucleares e radioativas.


 Foram vinculados à CNEN os seguintes institutos de pesquisa e desenvolvimento nuclear: Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo ; o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte ; o Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) e o Instituto de Energia Nuclear (IEN), os dois últimos no Rio de Janeiro. Fonte energética pouco expressiva no país, tendo em vista que o potencial hidrelétrico brasileiro ainda não foi totalmente aproveitado.

 O Brasil busca, porém, dominar a tecnologia da geração de energia nuclear, considerando a sua importância para a segurança nacional e para o futuro do país, como fonte útil para o meio de transporte no espaço e nos mares, como é o caso do submarino nuclear em construção pela Marinha brasileira. No final dos anos 60, a situação brasileira em relação à tecnologia nuclear continuava, contudo, a ser de dependência em relação ao exterior.


 A linha de pesquisas de aproveitamento do urânio natural pouco havia avançado. Em 1969, o governo brasileiro decidiu construir uma usina nuclear na praia de Itaorna, no município fluminense de Angra dos Reis. Adquiriu um reator de urânio enriquecido nos Estados Unidos. Esta decisão foi muito criticada pelos físicos brasileiros, principalmente porque a compra se deu em regime de turn-key, o que significava um pacote fechado de equipamentos, que não permitia o acesso à tecnologia. A construção da usina, mais tarde batizada de Angra I, começou em outubro de 1972 sob suspeitas de instabilidade geológica e sísmica do local escolhido.

 O nome da praia, Itaorna, em língua tupi significa "pedra podre". Simulações de acidentes revelaram a fragilidade do projeto e a impossibilidade de evacuação dos moradores da região no caso de uma emergência. Prevista para entrar em operação comercial em 1979, sofreu grande atraso, só sendo inaugurada em 1983. Ainda na década de 70, o governo do presidente Ernesto Geisel assinou um amplo acordo de transferência de tecnologia nuclear com a então República Federal da Alemanha. Assinado em 1974, incluía, além da aquisição de usinas nucleares, a possibilidade de transferência das diversas tecnologias do ciclo do combustível nuclear, tais como o enriquecimento e o reprocessamento de urânio. Assim, das oito usinas previstas, o governo federal decidiu erguer mais duas usinas em Angra dos Reis. Batizou o complexo de Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto.


 As duas outras unidades Angra II e Angra III previstas no projeto somam uma capacidade total de 2.600 MW. Com reatores também de água leve pressurizada, foram adquiridas em indústrias alemãs. Apenas Angra 2 foi concluída. Sua construção foi marcada por problemas técnicos e constantes atrasos no cronograma. Começou a operar somente em 2000, após quase vinte anos de construção, a um custo de cerca de US$ 10 bilhões.


 Na realidade, o processo de enriquecimento a ser transferido, batizado de jato centrífugo, encontrava-se ainda em estudos nos laboratórios alemães, portanto sua aplicação era muito duvidosa. Pelo acordo, seriam instalados mais oito reatores no país: dois em Angra dos Reis, ao lado de Angra 1, e outros seis no litoral sul do Estado de São Paulo. Reagindo rapidamente, a população paulista impediu a construção de "suas" usinas através da criação de uma estação ecológica exatamente no local onde seria implantada a central nuclear.


 Ao longo dos anos 80, o ambicioso programa de cooperação nuclear com a Alemanha desenhado na década anterior foi sendo gradativamente reduzido. Nesse período, o Brasil conseguiu dominar a tecnologia de algumas etapas da fabricação do combustível nuclear que periodicamente abastece a usina de Angra I. Em setembro de 1987, porém, o governo do presidente José Sarney anunciou o domínio da tecnologia de enriquecimento de urânio por ultracentrifugação, admitindo que pesquisas alternativas e autônomas vinham ocorrendo em segredo, no IPEN, em São Paulo.


De fato, um dos mais avançados resultados no campo da energia nuclear vem sendo obtido pela Marinha, que objetiva a construção de um submarino de propulsão nuclear, assim como uma tecnologia brasileira de construção de reatores nucleares. Vemos com isso que não é só as usinas termonucleares que causam preocupação com os possíveis acidentes, mas o lixo radioativo gerado por todas as atividades que envolvem elementos radioativos.


 A meia-vida de alguns componentes do lixo atômico chega a 600.000 anos. Com sua segunda usina nuclear em operação, o Brasil não sabe ainda o que fazer com os seus rejeitos atômicos. Há mais de uma década, o assunto é tratado como lixo que se joga debaixo do tapete. Neste caso, porém, o tapete está ficando curto. Só com Angra 1, o país acumula 2,1 mil toneladas de lixo radioativo de média e baixa atividade, que já lotaram um depósito provisório e começam a encher um outro galpão. Os riscos na Usina Nuclear de Angra são excessivos.



 Eventos significantes ocorreram no reator Angra I em período recente. Entre janeiro e março de 1999, ocorreram seis desarmes não planejados da usina - um número elevado, segundo os indicadores de desempenho propostos pela própria empresa.



Dos seis eventos, dois foram resultantes de perda de energia elétrica do sistema, que se relaciona à deterioração do sistema elétrico nacional, devido à falta de investimentos, o que interferiu com os problemas de segurança do reator. Ademais, há um problema crônico não resolvido: a corrosão nas tubulações do gerador de vapor de Angra I, havendo a possibilidade de se ter de trocá-los. Ao fim de 1999, estavam comprometidos pela corrosão e fechados 9,6% dos tubos em um gerador de vapor e 5,3% no outro.



 Há possibilidade de fazer reparos nos tubos, mas nem sempre bem sucedidos. A troca do gerador de vapor é um problema de grande monta, pois é uma peça maior que o próprio vaso reator na dimensão vertical. Sua troca obriga a um rompimento do prédio de contenção do reator que é estanque.

Outros problemas do gerador de vapor são conhecidos desde a época de Angra I entrar em operação: a entrada da água do circuito secundário no gerador de vapor fazia trepidar esses tubos causando fissuras. Esse problema específico foi resolvido mas permaneceu o problema da corrosão acelerada. A responsabilidade de ambos foi da Westinghouse.



 Outro ponto a ser melhor esclarecido é sobre o combustível nuclear em uso em Angra I. Foi necessária a substituição integral do combustível há poucos anos. Normalmente, a substituição é apenas de um terço por ano, mas esta foi devida a um outro problema crônico.


 Um vazamento de material radioativo no combustível contaminou o circuito primário, levando Furnas, então proprietária de Angra I, a interromper o seu funcionamento. A causa foi a inadequação dos elementos combustíveis projetados pela Siemens para o combustível do reator Westinghouse. Cogita-se, agora, de voltar, com algumas modificações, ao combustível Siemens, que poderá dar problemas novamente. Questões tecnológicas importantes, como essa, permanecem abertas. Até o direito básico da população de Angra à segurança está mal explicado. Para os críticos, o Plano de Evacuação da cidade em caso de acidente é uma ficção.

Tem tudo para dar errado. De qualquer forma, adotar tal sistema de geração de energia é assumir uma séria responsabilidade perante as gerações futuras. Segundo números oficiais, já foram gastos com Angra 3 US$ 750 milhões entre a compra e a estocagem dos equipamentos.

O projeto de Angra 3 foi paralisado em 1992 por motivos econômicos pois para entrar em operação, necessitaria de mais US$ 1,5 bilhão. Em setembro de 2002, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizou a Eletronuclear, empresa estatal que pleiteia a construção de Angra 3, a iniciar o licenciamento ambiental, o debate sobre a armazenagem dos rejeitos radioativos e o equacionamento econômico-financeiro da proposta.


 A decisão final sobre Angra 3 será tomada ainda este ano, na próxima reunião do CNPE. Os ambientalistas têm trabalhado para demonstrar que é possível atender às necessidades crescentes da população e estender a eletrificação aos mais distantes locais deste país através de fontes de energia renováveis.

 É possível criar uma nova matriz energética para o país, contemplando a redução de desperdícios e privilegiando a geração de energia a partir de fontes limpas, renováveis, economicamente viáveis e socialmente justas. Boa parte dos brasileiros ainda não recebe eletricidade em suas casas.


Cerca de 40% das escolas em zonas rurais não possui luz elétrica. Imensas áreas no Norte e no Centro-Oeste do país não são atendidas pela rede de distribuição de energia.

O Brasil precisa rever a sua maneira de gerar energia e o CNPE poderá desempenhar um papel importante nessa mudança, optando por abandonar de vez velhas propostas e por viabilizar formas de energia modernas, seguras e limpas. Hoje, no mundo inteiro, inclusive na Alemanha, reatores nucleares têm sido gradativamente desativados e não há praticamente nenhuma nova usina sendo planejada ou construída, já que são consideradas caras e perigosas.



terça-feira, 12 de agosto de 2014

Uma Lição de Heroicos Sobreviventes

diHITT - Notícias

Resumo

Antes de serem comemorados os 70 anos do final da Segunda Guerra Mundial , devemos nos questionar , era necessário causar tanto horror? Existem  somente os créditos e glorias para os vencedores , mas os derrotados que superaram as adversidades como devemos considera-los?


Em 2 de setembro de 2015, será comemorado o final da Segunda Guerra Mundial, com a assinatura do armistício efetuada no navio de guerra USS Missouri ,  para muitos um fato de grandes feitos heroicos e Históricos  , para os derrotados resta lembrar da profunda tristeza e dor, este é  caso dos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, vendo sobre a ótica deste indivíduos , o que devem  perceber o que deve ser realmente comemorado , o final da Guerra  , mas não os resultados dos vencidos ,se fossemos um hibakusha qual seria nosso real sentimento, caro leitor?

Os hibakusha ( ) são assim chamados os sobreviventes de bombardeamento, uma palavra japonesa que traduzida literalmente por "pessoas atingidas por bomba”.

Sendo historiador Peter Kuznick, da American University, em Washington, afirma, que os sobreviventes se repartem em dois seguimentos distintos: os que escolhem  ocultar as histórias por temer o preconceito e o desprezo  na hora de conseguir emprego, formar uma família , descendentes, como  as etnias discriminadas como os "burakumin" ou "eta-hinin”, para os tradicionalistas nipônicos .  No outro, são os que preferem relatar o que foi visto, destacando a expressão japonesa: “É preciso contar a grande verdade, que nunca pode ser esquecida.”

Os exemplos de superação de vida demonstrados a seguir , servem para refletir sobre nossas convicções a respeito do tema , para podemos mudar nossas opiniões ,sobre o certo e o errado.
 Em 2006 estima-se que havia cerca de 266.000 hibakusha ainda vivendo no Japão e que 118 hibakusha vivam no Brasil, vitimas das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.

O sobrevivente de Hiroshima: Takashi Morita

Era a manhã de 6 de agosto de 1945 , às 8h15min,quando o avião Enola Gay , B-29 americano havia lançado uma bomba atômica de poder equivalente a 12.000 toneladas de explosivos. Dos 350 mil habitantes da cidade, 140 mil morreram por conta da bomba — e milhares de outras pessoas morreriam ao longo das décadas em razão da radiação ,estimam-se em 90% de edifícios danificados ou completamente destruídos. Para os sobreviventes , além da memória daquele fatídico dia, que  labuta com as cicatrizes das queimaduras e os vestígios da radioatividade expostos.

Um destes sobreviventes é Takashi Morita, que naquela época tinha 21 anos de idade e membro da Polícia Militar japonesa, cumprindo designação já havia dois dias em Hiroshima, a qual ainda não tinha sido bombardeada como outras cidades nipônicas. No momento da explosão , ele estava a apenas 1,3 quilômetro do ponto de detonação do artefato . 

Morita estava fardado o que minimizou seu ferimento e virado em posição contraria, que evitou que ficasse cego , em um dia muito bonito e ensolarado , fazia muito calor e os civis usavam regatas e shorts, que deixavam o corpo exposto a queimaduras, com muitas crianças na rua brincando, foi sua lembrança daquele momento .

Devido à onda de choque ele foi empurrado para longe, ao levantar viu um brilho forte, Ao seu redor, a maioria morreu, mas sobreviveu como várias pessoas, inclusive crianças, que gritavam por socorro. O terror e pânico eram absolutos, todos ao seu redor sem ideia do que estava acontecendo, Morita, teve apenas queimaduras fortes no pescoço. Ficou pelas ruas demolidas de Hiroshima .

Sua única preocupação era socorrer a vida de quem pudesse, chegando até a realizar um parto em plena rua, continuo seguindo aquele rastro de aniquilamento, depois de dois dias é que foi tratar dos ferimentos que já estavam infeccionados na nuca, diferente dele, seus 12 companheiros de quartel não tiveram a mesma sorte e morreram .

Depois, veio à chuva negra . Desesperadas com sede, muitas as pessoas engoliam a radiação negra que vinha das nuvens porque entendiam que aquilo iria acabar a sede que sentiam, por Morita ter evitado se alimentar e beber agua , estes foram os diferenciais, que o auxiliaram  sua sobrevivência.

Takashi Morita em 1956, veio para migrou para o Brasil, vivendo em São Paulo, onde virou comerciante, com a família. Em 1984 fundou, e passou a dirigir, duas a Associações  de amparo das Vítimas de Bomba Atômica no Brasil que reivindicam assistência do governo japonês para os sobreviventes que vivem no Brasil , sendo presidente da Associação Hibakusha Brasil pela Paz, outra entidade que age  há anos para convencer o governo japonês a aumentar a ajuda aos sobreviventes dos ataques sobre Hiroshima e Nagasaki que não moram mais no Japão, espalhados pelo mundo.


O Sobrevivente de Nagasaki : Osamu Shimomura

De acordo com algumas das estimativas, cerca de 40.000 dos 240.000 habitantes de Nagasaki foram mortos , e entre 25.000 a 60.000 ficaram feridos. No entanto, acredita- se que o número total de habitantes mortos poderá ter atingido os 80.000, incluindo aqueles que morreram, nos meses posteriores, devido a envenenamento radiativo.

Em 7 de agosto de 1945, quando viu reportagens sobre o que acontecera a cidade de Hiroshima e tinha sido completamente destruída por um novo tipo de bomba; não se sabia qual o tipo, Osamu Shimomura era um aluno do colegial de 16 anos que trabalhava numa fábrica a 12 quilômetros de Nagasaki.

Dois dias depois, pouco antes de 11 horas da manhã, do dia 9 de agosto de 1945 , quando  uma sirene soou na fábrica Isahaya, notificando-nos de um ataque aéreo. Como era de seu costume, ao invés de entrar em um bunker, Osamu foi para o topo de uma colina próxima, com um casal de amigos e olhando para o céu, viram um único B-29 que ia do norte para o sul para Nagasaki, a cerca de 15 km de distância, pensando que aquela rota era incomum. O B-29 lançou dois ou três paraquedas e ouvindo depois tiros esporádicos, continuou observar com atenção, não vi pessoas ligadas aos paraquedas.

Dentro de alguns minutos, outro B-29 seguiu a primeira, e uma sirene soou o "tudo claro" sinal. Voltando com o casal de amigos ao edifício da fábrica, no momento em que se sentou cadeira de trabalho, um poderoso flash de luz veio através das pequenas janelas, ficando cegos por cerca de 30 segundos, após o flash, um som alto de uma enorme explosão em algum lugar, sem poder ser direcionada sua origem  .

O céu rapidamente estava se enchendo de nuvens escuras, e quando saiu da fábrica a pé para casa, cerca de três quilômetros de distância, começou a chuviscar, uma chuva negra. No momento em que chegou a casa, sua camisa branca tinha virado cinza.

Sua avó rapidamente lhe preparou um banho, esse banho poderia provavelmente ser o diferencial de tê-lo salvo dos efeitos nocivos da radiação forte que supostamente existia na chuva negra . Na manha seguinte, dia 10 de agosto seu chefe na fábrica organizou um grupo de resgate, ele também mencionou que houve danos sérios em Nagasaki, mas os detalhes eram desconhecidos Tentamos entrar Nagasaki, mas não conseguiu porque as estradas e ferrovia eram intransitáveis. No final da tarde, a ferrovia foi restaurada a Michinoo, perto da estação de Nagasaki, e as equipes de resgate começaram a transportar os feridos para Isahaya e outras cidades.

Em 15 de agosto, em uma transmissão de rádio, o imperador Hirohito declarou rendição incondicional. Sendo esta a primeira vez que a maioria dos cidadãos japoneses tinha ouvido a voz do imperador. Acho que houve um sentimento generalizado de alívio, e também o medo de um futuro incerto, sobre os efeitos das bombas atômicas . Muitos anos se passaram antes que tivéssemos mais informações detalhadas sobre as bombas atômicas que foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Mesmo que o uso da bomba de Hiroshima fosse justificável , como ideal militar americano , a fim de precipitar o fim da guerra, a bomba lançada sobre Nagasaki três dias depois foi claramente um teste de novas armas, demonstrado poderio de destruição .

Após a 2ª Segunda Guerra Mundial , continuou Nagasaki, Shimomura, para terminar seus estudos , agora um químico vencedor do prêmio Nobel, em 2008, ele diz que não costuma pensar nos eventos, pois é preciso continuar a viver , suas pesquisas são para benefício da humanidade.
Como vimos duas pessoas inocentes que nem estavam no campo de batalha na época da guerra, que não haviam matado ninguém , como os demais habitantes de suas cidades .
Termino com a seguinte pergunta : “O fim justifica o meio, o resultado vale a pena ser comemorado , como fato ou ato heroico ?”


Artigo disponível no site Active File  , autor Luiz Lucas de Almeida Filho - Linkedin

Videos   e informações sobre Hiroshima e Nagasaki uma sugestão para refletir.

Sobre as explosões de Hiroshima e Nagasaki

Documentáro Sobre a Catastrófe das Bombas em Hiroshima e Nagasaki


Documentário Luz Branca /Chuva Negra

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Chernobyl : Quase 3 décadas de destruição e negligencia

diHITT - Notícias Chernobyl : Quase 3 décadas de destruição e negligencia Resumo Em 26 de abril de 1986 aconteceu o desastre nuclear de Chernobyl. Chernobil,1 Chernóbil,2 Chernobyl,3 Tchernobil4 ou Tchernóbil2 (em ucraniano Чорнобиль, transl. Tchornobil)', hoje é uma cidade fantasma localizada no norte da Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrússia.



 No começo da década de 1970, foi erguida pela União Soviética uma central nuclear no noroeste da cidade. Entretanto, essa cidade não era a residência dos trabalhadores da usina. Quando a usina estava em construção, Pripyat, uma cidade maior e mais próxima da usina, foi projetada e construída como residência para os trabalhadores .Um reator da central de Chernobyl teve problemas técnicos e desprendeu uma nuvem radioativa contaminando pessoas, animais e o meio ambiente de uma ampla extensão de terra s. As vidas de dezenas de milhões foram destruídas.

Hoje, mais de 6 milhões de pessoas vivem em terras com níveis críticos de contaminação do solo – e continuarão contaminadas durante décadas ou até séculos. Então, as perguntas mais frequentes são: como viver e onde viver? Nos territórios contaminados, próximos de Chernobyl é impraticável a agricultura de forma segura; silvicultura, pesca e caça; e é arriscado usar produtos alimentares locais ou consumir leite e até mesmo água. União Soviética, 26 de abril de 1986, nos últimos dias da primavera e início do verão daquele ano, 1h23 pelo horário local. Em meio a lagos, terra arenosa e florestas nas estepes ao norte de Kiev, fica Chernobyl, que adquiriu notoriedade internacional quando, técnicos fizeram um teste em um dos quatro reatores de energia nuclear ali instalados.

 Foi nesse momento que uma enorme tragédia nuclear aconteceu no Leste Europeu, desde este momento critico . O reator 4 da usina nuclear sofre um acréscimo de potência e o núcleo explode diversas vezes, liberando gás xenônio, metade da carga de iodo-131 e de césio-137 e pelo menos 5% do material radioativo remanescente. Em consequência uma catastrófica explosão de vapor que resultou em incêndio, uma imensa bola de fogo anunciava a explosão do reator rico em Césio-137, aquele do acidente de Goiânia no Brasil , com uma série de explosões adicionais, e um derretimento nuclear.

Sem um recipiente de contenção, o conteúdo radioativo foi carregado pelo ar sobre grandes porções da Europa, causando um pânico internacional. Em poucos minutos , liberou uma quantidade letal de material radioativo que contaminou uma quilométrica região atmosférica, na comparação , o acidente prejudicou uma área equivalente a um Portugal e meio, 140.000 quilômetros quadrados ,o material radioativo espalhado naquela ocasião era quatrocentas vezes maior que o das bombas utilizadas no bombardeio às cidades de Hiroshima e Nagasaki, no fim da Segunda Guerra Mundial. Por fim, uma nuvem negra de material radioativo se espalhava pela cidade ucraniana de Pripyat.


No período mediamente após a explosão, morrem 31 trabalhadores da usina, e milhares de outras pessoas que viviam na região que hoje faz parte da Ucrânia e da Bielorrússia receberam doses que radiação que encurtaram suas vidas. Cientistas divergem sobre o número de mortos. A Organização Mundial de saúde afirma que foram 4 mil. Os números do Greenpeace, que parecem notavelmente exagerados, falam em 200 mil. Para alguns especialistas, as dimensões calamitosas do acidente nuclear de Chernobyl poderiam ser minimizadas caso esse modelo de usina contasse com cúpulas de aço e cimento, resguardando o local. Sem ironizar a atitude do Governo Soviético , imediatamente após as primeiras ações de reparo, foi construído um “sarcófago” que isolou as ruínas do reator 4.

Enquanto isso, uma evidencia alarmante, a quantidade de óbitos e anomalias indicava os efeitos da tragédia nuclear. Os efeitos de Chernobyl atingiram milhões de pessoas. Outros milhares ainda enfrentam diariamente os efeitos, muito visíveis e dolorosos, da radiação liberada pelo desastre. Cinco milhões de hectares de terras foram inutilizados, e houve uma expressiva contaminação de florestas. Com a ciência do sinistro ocorrido, as autoridades soviéticas organizaram uma operação de limpeza composta por 600 mil operários.

Nesse mesmo tempo, helicópteros eram despachados para o foco central das explosões com carregamentos de areia e chumbo que deveriam debelar o furor das chamas. Para eles, o risco de um acidente igual era insuportável. Mas há usinas precárias nos antigos países socialistas que ainda ameaçam toda a vizinhança europeia. Para o acidente nuclear de Chernobyl, existem duas teorias oficiais: a primeira foi publicada em agosto de 1986, e atribuiu a culpa, unicamente, aos operadores da usina. No ano de 1986, os operadores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, realizaram um ensaio com o reator 4, com a finalidade de observar o desempenho do reator nuclear quando utilizado com baixos níveis de energia. contudo, os responsáveis pela unidade descumpriram varias regras de segurança imperativas.

 O pior deslize dos servidores envolvidos no episódio , foi interromper a circulação do sistema hidráulico que controlava as temperaturas do reator, mesmo atuando com uma capacidade baixa, o reator entrou em um processo de superaquecimento impossibilitado de ser revertido em curto espaço de tempo. A segunda suposição foi publicada em 1991, e atribuiu o incidente a defeitos no projeto de controle do reator. Ambas as teorias foram fortemente apoiadas por distintos grupos científicos e o próprio governo. Mas o fato é que aconteceu foi o resultado somático das duas, sendo que a possibilidade de falha no reator foi exponencialmente agravada pela falha humana.


Procurando sanar definitivamente o problema da contaminação, uma equipe de projetistas hoje ,cogita na construção do Novo Confinamento de Segurança. O projeto consiste no desenvolvimento de uma colossal armação móvel que isolará definitivamente a usina nuclear de Chernobyl. Dessa forma, a área do solo contaminado será parcialmente isolada e a estrutura do sarcófago descartada. Apesar de todos esses esforços, estudos científicos revelam que a população atingida pelos altos níveis de radiação sofre uma série de enfermidades.

Além disso, os descendentes dos atingidos apresentam uma grande incidência de problemas congênitos e anomalias genéticas. Por meio dessas informações, vários ambientalistas se colocam radicalmente contra a construção de outras usinas nucleares A explosão de Chernobyl foi o pior acidente nuclear do mundo, e é o único classificado no nível sete da Escala Internacional de Eventos Nucleares. Os 25 anos do acidente, no mês que vem, certamente ganharão uma ressonância dramática, depois dos incêndios nos reatores de Fukushima, que ressuscitaram temores de que o pânico nuclear tome o planeta mais uma vez- embora o evento no Japão tenha sido classificado no nível cinco da escala. Níveis significativos de césio 137, estrôncio 90 e isótopos de plutônio ainda poluem o solo local. Em uma zona conhecida como Floresta Vermelha, chegou a um nível 20 vezes mais alto que o da contaminação de Hiroshima e Nagasaki, o que ainda é muito ameaçador.

 Há um vasto lago artificial perto da usina principal, que fornecia água para esfriar os reatores. Depois da explosão, o lago foi contaminado por resíduos radioativos, que se assentaram em seu fundo. Hoje, bombas trazem água initerruptamente do rio Pripyat, na vizinhança, para impedir a evaporação do lago e a exposição de seus sedimentos tóxicos, que podem secar e ser espalhados pelo vento. A cidade de Pripyat que traz as recordações mais perturbadoras. Lá residiam 50 mil pessoas.


O reator 4 explodiu nas primeiras horas do dia 26 de abril, mas elas não foram informadas. Durante todo aquele dia, as crianças ficaram brincando fora de casa, apesar da fuligem radioativa a poucos quilômetros de distância. Havia boatos de um incêndio, mas pessoas haviam sido instruídas a crer que um acidente em um reator era impossível – até que chegasse uma frota de ônibus de tarde para tirar os moradores de lá. Disseram que poderiam voltar em alguns dias.

Eles nunca regressaram. As usinas nucleares, longe de darem uma total segurança, correm o risco de explosões causadoras de vazamento de substâncias radioativas. Os ecossistemas aquáticos são drasticamente ameaçados pelas enormes quantidades de água utilizadas para o resfriamento de reatores, que elevam a temperatura média da água do ambiente. Muitas vezes esta água devolvida para o ambiente pode ser radioativa o que constitui uma séria ameaça para a natureza. Na busca de soluções que venham prover as necessidades de energia, as sociedades aventuraram-se com a uso de usinas termonucleares. Muitos protegem a tal opção de geração de energia, assegurando que o risco de acidentes é infinitamente baixo. Mas estes mesmos que defendem tal alternativa, se esquecem de que quando um desastre nuclear acontece, normalmente as implicações são desastrosas. O gasto do acidente teve assombroso impacto nos orçamentos da Ucrânia e Bielorrússia.

 Em 1998, a Ucrânia disse que já tinha gasto U$ 130 bilhões com a limpeza do local, e a Bielorrússia, outros U$ 35 bilhões. Cientistas asseguram que a radiação comprometerá a área pelos próximos 48 mil anos, embora daqui a 600 anos seja garantido repovoá-la com seres humanos, relata The Guardian. Nos primeiros 20 anos, o prejuízo econômico direto à Bielorrússia, Ucrânia e Rússia ultrapassou 500 bilhões de dólares. Para aliviar algumas das consequências, a Bielorrússia gasta cerca de 20% do seu orçamento anual nacional, a Ucrânia até 6% e a Rússia até 1%.

 Para simplificar a vida para aqueles que sofrem dos efeitos da radiação uma grande quantidade de trabalhos educacionais e organizacionais tem que ser feito para monitorar radionuclídeos incorporados, monitorar (sem exceções) todos os géneros alimentícios, determinar doses cumulativas individuais usando métodos objetivos e fornecer aconselhamento médico e genético, especialmente para crianças. Mais de 20 anos após a calamidade, em virtude da migração natural de radionuclídeos, o perigo resultante nessas áreas não diminuiu, mas aumentou e continuará a crescer por muitos anos à frente.

Assim, há a necessidade de expandir os programas para ajudar as pessoas que continuam padecendo nos territórios contaminados, e isso exige auxílio internacional, nacional, estadual e filantrópica. Todo esse detrito atômico precisa ser armazenado por pelo menos mil anos, e os tanques precisam ser trocados a cada vinte anos por razões de segurança.

De acordo ainda o ecologista Chiavenato, qualquer animal vivo hoje na Terra tem traços de estrôncio-90 nos ossos, um composto resultante dos processos de industrialização nuclear. Atualmente existem mais de 400 usinas nucleares em operação no mundo, a maioria delas nos Estados Unidos, França, Inglaterra e países do Leste europeu. Também por "razões de segurança", quando acontece um acidente nuclear dificilmente são dadas todas as informações sobre o que ocorreu.

 A não ser que o acidente seja de fato muito grave, como foi o da usina de Three Mile Island nos Estados Unidos em 1979 e o da usina de Chernobyl, na Rússia, em 1986. Mas mesmo nesses casos as autoridades tentaram num primeiro momento minimizar a gravidade da situação. Já no caso de acidentes nucleares em instalações militares, as informações que chegam ao público (quando chegam) são muito escassas. De qualquer forma, o que já ocorreu na segunda metade deste século em matéria de acidentes nucleares fornece uma boa amostra dos perigos a que a humanidade ficou exposta nas últimas décadas Em Chernobyl, depois do acidente, foram mobilizadas aproximadamente dois milhões de pessoas no processo de limpeza de toda a região atingida. Em abril de 1992, um comunicado oficial do governo estimava que o número de mortes naquele grupo, devido à radiação, situava-se entre 7 mil e 10 mil.

Três anos depois, em abril de 1995, o Ministério da Saúde ucraniano informava que mais de 125 mil pessoas haviam morrido entre 1988 e 1994, vítimas da radiação. Segundo o ministro Andrei Serdiuk, "a radiação repercutiu na piora generalizada da situação demográfica e do estado de saúde da população da Ucrânia; aumentaram as doenças no sangue, no sistema nervoso, nos órgãos digestivos e respiratórios." Ainda em julho de 1995, um relatório da CIA americana mostrou que em dez reatores ativos na Eslováquia, Lituânia, Rússia, Bulgária e Ucrânia, havia "grande probabilidade de ocorrer desastres nas dimensões do de Chernobyl". Na própria usina de Chernobyl foram detectadas 260 fissuras no sistema de resfriamento de um dos reatores em outubro de 1997; um porta-voz disse que "as trincas foram achadas a tempo de impedir vazamento de radioatividade."

Em 1996, a estimativa de mortes em razão do acidente, elaborada em conjunto pela Ucrânia e a Bielorrússia, já fora ajustada para 300 mil… O número total de pessoas contaminadas seria de cinco milhões, e a área inutilizada pela radiação era de cerca de 140 mil km², equivalente a um Portugal e meio. A OMS estima em 200 milhões de dólares o total de recursos necessários para se continuar investigando as consequências do acidente nuclear de Chernobyl nos próximos 15 anos.

Enquanto médicos e cientistas vão descobrindo mais efeitos danosos de Chernobyl, outros acidentes nucleares, de "menor monta", continuam a ocorrer em todo o planeta, ao mesmo tempo em que vêm à tona agora também notícias de acidentes até então desconhecidos. De acordo com o geneticista ucraniano Vyacheslav Konovalov, em algumas regiões próximas a Chernobyl até 80% de todos os animais nascem monstros mutantes, como potros de patas dianteira reduzidas em relação as traseiras e bezerros com duas cabeças. Algumas alterações tornam a divisão celular descontrolada e o resultado é o câncer. Já as modificações ocorridas nas células dos óvulos e dos espermatozoides podem ser repassadas aos descendentes dos animais; em alguns casos os efeitos são deformidades congênitas que podem acelerar a morte dos descendentes.

Diante de todos esses efeitos maléficos ,o que a ciência conseguiu encontrar até agora, após o desastre de Chernobyl. Pode-se apenas especular o que ocorreria de um acidente nuclear ainda mais grave, ou das explosões de algumas bombas de hidrogênio na atmosfera. Após o desastre de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, os países desenvolvidos desistiram de seus planos para a construção de novas usinas. A indústria nuclear passou duas décadas no Abandono.

A opção nuclear retornou à cena nos últimos anos como uma opção energética para enfrentar as alterações climáticas. A vantagem dos reatores é que não emitem gás carbônico, o principal causador do aquecimento global. No Brasil, porém, não está claro se essa é uma opção eficaz. Se a ideia é reduzir as emissões de gás carbônico, pesquisadores afirmam que o caminho poderia ser outro. A prioridade é reduzir o desmatamento da Amazônia, nossa principal fonte de emissão de gases de efeito estufa. As usinas nucleares , para o meio ambiente, podem ter outros impactos, ainda piores por causa do longo período de contaminação . Chernobyl inutilizou ainda 114 mil hectares de terra e 492 mil hectares de floresta, forçando 400 mil pessoas a abandonarem as suas habitações. Cientistas israelitas e ucranianos ,após análises com as crianças, que nasceram depois da explosão de Chernobyl , descobriram também evidências de que pequenas doses de radiação podem gerar mudanças no DNA humano e que estas transmitem-se para futuras gerações, os descendentes de pais que limparam o reator da central nuclear russa , constataram um grande aumento de mutações, que poderão ser de extensa duração, revelou o estudo.

O mesmo estudo também assinala que mais de 500 mil pessoas nas próximas gerações podem continuar a ser comprometidas pelo maior acidente do gênero da história da humanidade. Hoje, há uma área de exclusão de 30 km em torno de Chernobyl, o que não evita a visita constante de turistas – numa modalidade algo doentia de passeio. Ainda assim, muitos parecem facilmente se esquecer do acidente ou tratá-lo como algo corriqueiro e desconhecer o que grandes doses de radiação podem cometer com vidas humanas . A radiação ficará no local por 48 000 anos, mas em 600 anos talvez já seja possível repovoar a região. Países como a Eslováquia melhoraram a segurança das centrais.

Mas outros, como a Bulgária e a Ucrânia, por incrível que pareça, barganham para conseguir mais recursos financeiros ­ uma espécie de ameaça com o próprio risco. Em abril de 1996, a Ucrânia recebeu dos sete países mais desenvolvidos do mundo uma proposta de 2,3 bilhões de dólares para fechar os reatores ativos de Chernobyl. Alegou que teria de indenizar a perda importando eletricidade e pediu 5 bilhões de dólares. Não houve negócio. Será difícil esquecer Chernobyl


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Chernobyl: Consequências da Catástrofe para as Pessoas e o Meio Ambiente




diHITT - Notícias






Chernobyl: Consequências da Catástrofe para as Pessoas e o Meio Ambiente



 Artigo científico mostrando como o acidente da Usina Nuclear de Chernobyl pode ter ceifado a vida de quase 1 milhão de pessoas durante os primeiros 23 anos após a tragédia.


Traduzi a última parte porque são as conclusões dos autores, ou seja, o que ocorreu com as pessoas e o meio ambiente devido à radiação. Tradução da parte 15 (pág. 318 a 327) do artigo “Chernobyl - Consequences of the Catastrophe for People and the Environment” por Alexey V. YABLOKOV, Vassily B. NESTERENKO e Alexey V. NESTERENKO publicado pela Academia de Ciências de Nova York no “Annals of the New York Academy of Sciences”, Volume 1181 em 2009.

 *Se alguém identificar erros na tradução insiste que deixe um comentário uma vez que existem muitos termos técnicos da área médica e nuclear.

 Chernobyl: Consequências da Catástrofe para as Pessoas e o Meio Ambiente 15. Consequências da Catástrofe de Chernobyl para Saúde Pública e o Meio Ambiente 23 Anos Depois

 Por Alexey V. Yablokov, Vassily B. Nesterenko, e Alexey V. Nesterenko Mais de 50% dos radionuclídeos de Chernobyl foram dispersos fora da Bielorrússia, Ucrânia e da Rússia europeia e provocou precipitações tão distantes como na América do Norte.

 Em 1986 quase 400 milhões de pessoas viviam em áreas contaminadas radioativamente com um nível superior a 4 kBq/m2e cerca de 5 milhões de pessoas ainda estão sendo expostas a níveis perigosos de contaminação. O aumento da morbidade, envelhecimento precoce, e mutações foi observado em todos os territórios contaminados que foram estudados.

 O aumento nas taxas de mortalidade total para os primeiros 17 anos na Rússia europeia foi de até 3,75% e na Ucrânia, foi de até 4,0%. Os níveis de radiação interna estão aumentando devido às plantas que absorvem e reciclam Cs-137, Sr-90, Pu e Am. Nos últimos anos os níveis internos de Cs-137 ultrapassaram 1 mSv/ano, que é o considerado "seguro", esses devem ser reduzidos para 50 Bq/kg em crianças e 75 Bq/kg em adultos. Práticas úteis para fazer isso incluem a aplicação de fertilizantes minerais em terras agrícolas, lignina organossolúvel e K em florestas e consumo individual regular de solventes parentéricos de pectina natural.

Ajuda internacional em larga escala é necessária para fornecer proteção contra radiação para as crianças, especialmente na Bielorrússia, onde ao longo dos próximos 25 a 30 anos radionuclídeos continuarão a contaminar plantas através das camadas das raízes no solo. Populações irradiadas de plantas e animais exibem uma variedade de deformidades morfológicas e têm níveis significativamente mais elevados de mutações que eram raras antes de 1986. A zona de Chernobyl é um "buraco negro": algumas espécies persistem apenas através da migração de áreas não contaminadas. A explosão do quarto bloco da central nuclear de Chernobyl na Ucrânia em 26 de abril de 1986 foi o pior acidente tecnogênico da história. A informação apresentada nas primeiras 14 partes deste volume foi abstraída a partir dos milhares de artigos científicos e outros materiais citados.


O que se segue aqui é um resumo dos principais resultados desta meta-análise das consequências da catástrofe de Chernobyl. A principal abordagem metodológica desta meta-análise é revelar as consequências de Chernobyl, comparando as diferenças entre populações, incluindo territórios ou subgrupos que tiveram e têm diferentes níveis de contaminação, mas são comparáveis entre si em suas características étnicas, biológicas, sociais e econômicas. Esta abordagem é claramente mais válida do que tentar encontrar correlações "estatisticamente significativas" entre as diversas doses recebidas pelas populações que são impossíveis de quantificar após o fato e os resultados na saúde que são definidos precisamente por dados de morbidade e mortalidade.


15.1. A Escala Global da Catástrofe 1. Como resultado da catástrofe, 40% da Europa foi contaminada com radioatividade perigosa. A Ásia e América do Norte também foram expostas a quantidades significativas de precipitação radioativa. Países contaminados incluem a Áustria, Finlândia, Suécia, Noruega, Suíça, Romênia, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, França, Grécia, Islândia e Eslovênia, bem como amplos territórios na Ásia, incluindo a Turquia, Geórgia, Arménia, os Emirados, China, e norte da África. Cerca de 400 milhões de pessoas estavam em áreas onde a radioatividade excedeu o nível de 4 kBq/m2 (≥ 0,1 Ci/km2) durante o período de abril a julho de 1986. 2. A Bielorrússia em especial foi fortemente contaminada. Vinte e três anos depois da catástrofe cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo cerca de 1 milhão de crianças, vivem em vastas áreas da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia europeia, onde níveis perigosos de contaminação radioativa persistem (ver Capítulo 1). 3. A reivindicação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR), e vários outros grupos que a precipitação radioativa de Chernobyl acrescentou "apenas" 2% a radiação de fundo natural ignora vários fatos: • Primeiro, muitos territórios continuam a ter níveis perigosamente elevados de radiação. • Segundo, altos níveis de radiação foram espalhados por toda parte nas primeiras semanas depois da catástrofe. • Terceiro, haverá décadas de contaminação crônica de baixo nível, após a catástrofe (Fig. 15.1). • Quarto, cada aumento de radiação nuclear tem um efeito sobre as células somáticas e reprodutivas de todos os seres vivos. 4. Não há justificativa científica para o fato de que especialistas da AIEA e da Organização Mundial da Saúde (OMS) (Chernobyl Forum, 2005) terem negligenciado completamente os extensos dados sobre as consequências negativas da contaminação radioativa em outras áreas além da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia europeia, onde cerca de 57% dos radionuclídeos de Chernobyl foram depositados.



15.2. Obstáculos para a Análise das Consequências de Chernobyl 1. Entre as razões que complicam uma estimativa em escala global do impacto da catástrofe de Chernobyl na saúde estão as seguintes: • Política oficial de segredo e falsificação irreparável das estatísticas médicas na União Soviética nos primeiros 3,5 anos depois da catástrofe. • Falta de estatísticas médicas confiáveis e detalhadas na Ucrânia, Bielorrússia e Rússia. • Dificuldade em estimar as reais doses radioativas individuais, em vista de: (a) reconstrução das doses nos primeiros dias, semanas e meses após a catástrofe, (b) incerteza quanto à influência de “partículas quentes “individuais; (c) problemas quanto à contaminação desigual e irregular, e (d) a incapacidade para determinar a influência de cada um dos muitos radionuclídeos, isoladamente e combinados. • Inadequação do conhecimento moderno, quanto a: (a) o efeito específico de cada um dos muitos radionuclídeos;(b) sinergia das interações de radionuclídeos entre si e com outros fatores ambientais, (c) diferenças da radio sensibilidade da população e individual; (d) impacto das taxas e doses ultrabaixas e (e) o impacto da radiação absorvida internamente em vários órgãos e sistemas biológicos. 2. A demanda dos especialistas da AIEA e OMS que exigiram uma "correlação significativa" entre os níveis imprecisamente calculados de radiação individual (e, portanto, grupos de indivíduos) e as doenças diagnosticadas com precisão como a única prova concreta associando doenças com a radiação de Chernobyl não é, em nosso ponto de vista, cientificamente válido. 3. Acreditamos que é cientificamente incorreto rejeitar dados gerados por muitos milhares de cientistas, médicos e outros especialistas que observaram diretamente o sofrimento de milhões de pessoas afetadas pela precipitação radioativa na Bielorrússia, Ucrânia e Rússia como "incompatíveis com protocolos científicos." É cientificamente válido encontrar maneiras de extrair informações válidas a partir desses dados. 4. A informação objetiva sobre o impacto da catástrofe de Chernobyl sobre a saúde pode ser obtida de várias maneiras: • Comparar a morbidade e a mortalidade de territórios com idênticos aspectos fisiográficos, sociais e econômicos e que diferem apenas nos níveis e espectro da contaminação radioativa a que foram e estão sendo expostos. • Comparar a saúde do mesmo grupo de indivíduos durante períodos específicos após a catástrofe. • Comparar a saúde do mesmo indivíduo em relação a desordens ligadas à radiação e que não são função da idade ou sexo (e.g., aberrações cromossómicas estáveis). • Comparar a saúde dos indivíduos que vivem em territórios contaminados medindo o nível de Cs-137, Sr-90, Pu e Am incorporado. Este método é especialmente eficaz na avaliação de crianças que nasceram depois da catástrofe. • Correlacionar alterações patológicas em órgãos específicos, medindo os níveis de radionuclídeos incorporados. A documentação objetiva das consequências da catástrofe requer a análise do estado de saúde de cerca de 800,000liquidadores (as pessoas responsáveis pela limpeza de Chernobyl), centenas de milhares de desabrigados, e aqueles que voluntariamente deixaram os territórios contaminados da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia (e seus filhos), questão vivendo agora fora destes territórios, até mesmo em outros países. 5. É necessário determinar territórios na Ásia (incluindo o Transcáucaso, Irã, China, Turquia, Emirados), norte da África e América do Norte que foram expostos à precipitação de Chernobyl de abril a julho de 1986 e analisar as estatísticas médicas detalhadas destes territórios e seus arredores.



15.3. Consequências para a Saúde devido à Chernobyl 1. Um aumento significativo da morbidade geral é aparente em todos os territórios estudados contaminados por Chernobyl. 2. Dentre específicos transtornos de saúde associados à radiação de Chernobyl, houve um aumento da morbidade e prevalência dos seguintes grupos de doenças: • Sistema circulatório (devido principalmente à destruição radioativa do endotélio, o revestimento interno dos vasos sanguíneos). • Sistema Endócrino (especialmente patologias de tireoide não-maligna). • Sistema Imunológico ("AIDS de Chernobyl," aumento da incidência e da gravidade de todas as doenças). • Sistema respiratório. • Trato urogenital e distúrbios reprodutivos. • Sistema esquelético-muscular (incluindo alterações patológicas na estrutura e composição dos ossos: osteopeniae osteoporose). • O sistema nervoso central (alterações nos lobos frontal, temporal e ocipitoparietal do cérebro, acarretando inteligência diminuída e distúrbios mentais e comportamentais). • Olhos (catarata, destruição vítrea, anomalias de refração e desordens conjuntivas). • Aparelho digestivo. • Malformações congênitas e anomalias (incluindo, anteriormente, raros defeitos múltiplos dos membros e cabeça). • Câncer de tireoide (Todas as previsões relativas a este câncer foram errôneas; cânceres de tireoide relacionados com Chernobyl se instalam rapidamente e tem desenvolvimento agressivo, atingindo tanto crianças como adultos. Após a cirurgia, as pessoas se tornam dependentes de medicamentos para reposição hormonal por toda a vida). • Leucemia (câncer no sangue), não apenas em crianças e liquidadores, mas na população adulta em geral dos territórios contaminados. • Outras neoplasias malignas. 3. Outras consequências para a saúde da catástrofe: • Alterações no equilíbrio biológico do organismo, levando ao aumento do número de doenças graves devido à toxicoses intestinais, infecções bacterianas e sepse. • Intensificação das doenças infecciosas e parasitárias (por exemplo, hepatites virais e viroses respiratórias). • Maior incidência de problemas de saúde em crianças nascidas de pais irradiados (tanto de liquidadores quanto indivíduos que deixaram os territórios contaminados), especialmente aqueles irradiados no útero. Estes distúrbios envolvem praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo, também incluem mudanças genéticas. • Estado catastrófico da saúde dos liquidadores (especialmente aqueles que trabalharam em 1986-1987). • Envelhecimento prematuro tanto de adultos quanto crianças. • Maior incidência de mutações múltiplas genéticas e somáticas. 4. Doenças crônicas associadas à contaminação radioativa estão disseminadas em liquidadores e na população vivendo em territórios contaminados. Entre esses indivíduos polimorbidade é comum, ou seja, as pessoas são muitas vezes afetadas por múltiplas doenças ao mesmo tempo. 5. Chernobyl “enriqueceu” a medicina no mundo com termos como "rejuvenescimento do câncer", bem como três novas síndromes: • "Distonia vegetovascular" – regulação disfuncional do sistema nervoso envolvendo órgãos cardiovasculares e outros(também chamado de disfunção do sistema nervoso autônomo), com sinais clínicos que se apresentam em um contexto de estresse. • "Radionuclídeos de longa-vida incorporados" – distúrbios funcionais e estruturais dos sistemas cardiovascular, nervoso, endócrino, reprodutivo entre outros devido aos radionuclídeos absorvidos. • "Lesões agudas de inalação no sistema respiratório superior" – uma combinação de rinite, irritação na garganta, tosse seca, dificuldade para respirar e falta de ar devido ao efeito da inalação de radionuclídeos, incluindo "partículas quentes". 6. Várias novas síndromes, refletindo o aumento da incidência de algumas doenças, apareceram depois de Chernobyl. Entre elas: • "Síndrome da fadiga crônica" – fadiga excessiva e sem alívio, fadiga sem causa aparente, depressão periódica, perda de memória, dores articulares e musculares difusas, calafrios e febre, alterações frequentes de humor, sensibilidade linfonodal cervical, perda de peso, e também é frequentemente associada com disfunção do sistema imunológico e doenças do sistema nervoso central. • "Síndrome da doença de irradiação prolongada" – uma combinação de fadiga excessiva, tontura, tremores, e dor nas costas. • "Síndrome do envelhecimento precoce" – uma divergência entre a idade física e cronológica com doenças características de idosos ocorrendo em jovens. 7. Síndromes específicas de Chernobyl como "irradiação no útero", "AIDS de Chernobyl", "coração de Chernobyl", "membros de Chernobyl", e outras aguardam descrições médicas mais detalhadas e definitivas. 8. O quadro completo de deterioração da saúde nos territórios contaminados ainda está longe de completa, apesar de uma grande quantidade de dados. A pesquisa médica, biológica e radiológica precisa aumentar e ser apoiada para fornecer o quadro completo das consequências de Chernobyl. Em vez disso, essa pesquisa tem sido suprimida na Rússia, Ucrânia e Bielorrússia. 9. Deterioração da saúde pública (especialmente das crianças) nos territórios contaminados por Chernobyl 23 anos depois da catástrofe não é devido ao estresse psicológico ou radiofobia, ou reassentamento, mas é sobretudo e principalmente devido à radiação de Chernobyl. Sobreposto ao primeiro forte choque em 1986 está a contínua exposição crônica de radionuclídeos de pequenas doses com baixas taxas. 10. Fatores psicológicos ("fobia de radiação") simplesmente não podem ser a razão definitiva porque a morbidade continuou a aumentar durante alguns anos após a catástrofe, enquanto as preocupações quanto a radiação diminuíram. E qual é o nível de fobia de radiação entre ratazanas, andorinhas, rãs e pinheiros que demonstram semelhantes problemas de saúde, incluindo taxas de mutação aumentadas? Não há dúvida que fatores sociais e econômicos são terríveis para os doentes devido à radiação. Crianças doentes, deformadas e deficientes, morte de familiares e amigos, perda de emprego e deslocamento são sérios fatores de estresse financeiro e mental.


15.4. Número Total de Vítimas 1. As primeiras estimativas oficiais da AIEA e OMS previram poucos casos adicionais de câncer. Em 2005, o Chernobyl Forum declarou que o número total de mortos por causa da catástrofe seria de cerca de 9.000 e o número de doentes cerca de 200.000. Estes números não conseguem distinguir doenças e mortes relacionadas à radiação de mortalidade e morbidade natural de uma grande base populacional. 2. Logo após a catástrofe a expectativa média de vida diminuiu visivelmente enquanto morbidade e mortalidade aumentaram em crianças e idosos na União Soviética. 3. Comparações estatísticas detalhadas de territórios altamente contaminados com os territórios pouco contaminados mostraram um aumento na taxa de mortalidade na parte contaminada da Rússia europeia e Ucrânia de 3,75% e 4,0%, respectivamente, entre os primeiros 15 a 17 anos após a catástrofe. 4. De acordo com avaliações baseadas em análises detalhadas de estatísticas demográficas oficiais nos territórios contaminados da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia europeia, o número de mortes adicionais por causa de Chernobyl para os primeiros 15 anos após a catástrofe chega a cerca de 237.000 pessoas. É seguro assumir que o total de mortes devido a Chernobyl do período de 1987 a 2004, atingiu cerca de 417.000 em outras partes da Europa, Ásia e África, e quase 170.000 na América do Norte, resultando em quase 824.000 mortes no mundo. 5. Os números de vítimas de Chernobyl continuarão a aumentar por várias gerações.


15.5. Liberações de Chernobyl e as Consequências Ambientais 1. O transporte de radionuclídeos de Chernobyl de meia-vida longa pela água, ventos e animais migratórios causa (e continuará a causar) contaminação radioativa secundária a centenas e milhares de quilômetros de distância da central nuclear ucraniana Chernobyl. 2. Todas as previsões iniciais de remoção rápida ou decaimento dos radionuclídeos de Chernobyl do ecossistema estavam erradas: está levando muito mais tempo do que previsto porque eles recircular. O estado geral de contaminação na água, ar e solo parece flutuar muito e a dinâmica da contaminação de Sr-90, Cs-137, Pu e Am ainda apresentam surpresas. 3. Como resultado da acumulação de Cs-137, Sr-90, Pu e Am na camada das raízes do solo, radionuclídeos continuaram a acumular nas plantas nos últimos anos. Movimentando-se com a água para as partes superiores das plantas, os radionuclídeos (que anteriormente tinham desaparecido da superfície) concentram-se nos componentes comestíveis, resultando em altas doses e níveis de radiação interna nas pessoas, apesar da decrescente quantidade total de radionuclídeos devido à desintegração natural ao longo do tempo. 4. Como resultado da bioacumulação de radionuclídeos, a quantidade nas plantas, fungos e animais pode aumentar1.000 vezes em comparação com concentrações no solo e na água. Os fatores de acumulação e de transição variam consideravelmente em cada estação, mesmo para a mesma espécie, tornando difícil discernir níveis perigosos de radionuclídeos em plantas e animais que parecem ser seguros para comer. Apenas um monitoramento direto pode determinar os níveis reais. 5. Em 1986, os níveis de radiação em plantas e animais na Europa ocidental, América do Norte, Ártico, e Ásia oriental eram, por vezes, centenas e até milhares de vezes acima dos padrões aceitáveis. O pulso inicial de alto nível de radiação seguido pela exposição crônica a baixos níveis de radionuclídeos resultou em distúrbios morfológicos, fisiológicos e genéticos em todos os organismos vivos nas áreas contaminadas que foram estudados –plantas, mamíferos, aves, anfíbios, peixes, invertebrados, bactérias e vírus. 6. Vinte anos depois da catástrofe todos os animais de caça nas áreas contaminadas da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia europeia têm altos níveis de radionuclídeos de Chernobyl. Ainda é possível encontrar alces, javalis e corças que foram perigosamente contaminados na Áustria, Suécia, Finlândia, Alemanha, Suíça, Noruega e vários outros países. 7. Todas as populações afetadas de plantas e animais que foram objetos de estudos detalhados mostram uma grande variedade de deformidades morfológicas que eram raras ou desconhecidas antes da catástrofe. 8. A estabilidade do desenvolvimento individual (determinado pelo nível de simetria flutuante – um método específico para a detecção do nível de instabilidade do desenvolvimento individual) reduziu em todas as plantas, peixes, anfíbios, pássaros e mamíferos que foram estudados nos territórios contaminados. 9. O número dos grãos de pólen geneticamente anômalos e subdesenvolvidos e esporos no solo contaminado radioativamente por Chernobyl indica uma perturbação geobotânica. 10. Todas as plantas, animais e micro-organismos que foram estudados nos territórios contaminados por Chernobyl têm níveis significativamente mais elevados de mutações do que aqueles em áreas menos contaminadas. A exposição crônica à baixa dose nos territórios de Chernobyl resulta em uma acumulação transgeracional de instabilidade genômica, que se manifesta com efeitos celulares e sistêmicos. As taxas de mutação em alguns organismos aumentaram durante as últimas décadas, apesar da diminuição no nível local de contaminação radioativa. 11. A vida selvagem na zona altamente contaminada de Chernobyl, por vezes, parece florescer, mas a aparência é enganadora. De acordo com testes morfogenéticos, citogenéticos e imunológicos, todas as populações de plantas, peixes, anfíbios e mamíferos que foram estudados estão em condições precárias. Esta zona é análoga a um "buraco negro" – algumas espécies só perseveram ali através de migração de áreas não contaminadas. A zona de Chernobyl a "caldeira" micro evolutiva onde os genes dos seres vivos estão se transformando, com consequências imprevisíveis. 12. O que aconteceu com ratazanas e sapos na zona de Chernobyl evidencia o que pode acontecer aos seres humanos em gerações futuras: aumento das taxas de mutação, aumento da morbidade e mortalidade, expectativa de vida reduzida, diminuição da intensidade de reprodução e mudanças na proporção entre os sexos masculino/feminino. 13. Para uma melhor compreensão dos processos de transformação da vida selvagem nas áreas contaminadas por Chernobyl, estudos científicos radiobiológicos e outros não devem ser interrompidos, como aconteceu em todos os lugares da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia, mas devem ser ampliados e intensificados para melhor compreender e ajudar a mitigar as consequências esperadas e inesperadas.



15.6. Esforços Sociais e Ambientais para Minimizar as Consequências da Catástrofe 1. Para centenas de milhares de indivíduos (em primeiro lugar, na Bielorrússia, mas também em vastos territórios da Ucrânia, Rússia, e em algumas áreas de outros países) a radiação adicional de Chernobyl ainda excede o nível considerado "seguro" de 1 mSv/ano. 2. Atualmente para as pessoas que vivem nas regiões contaminadas da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia, 90% dados e de radiação nelas é devido ao consumo de alimentos locais contaminados, por isso medidas devem ser disponibilizadas para livrar seus corpos dos radionuclídeos incorporados (ver Capítulo IV. 12-14). 3. Várias medidas foram tomadas para produzir alimentos limpos e reabilitar o povo da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia europeia. Estas incluem a aplicação de quantidades adicionais de fertilizantes selecionados, programas especiais para reduzir os níveis de radionuclídeos em produtos agrícolas e carne, organizar alimentos livre de radionuclídeos para escolas e creches e programas especiais para reabilitar crianças periodicamente realocando-as para locais não contaminados. Infelizmente essas medidas não são suficientes para aqueles que dependem de alimentos de suas hortas individuais, ou das florestas locais e cursos d’água. 4. É extremamente importante desenvolver medidas para diminuir o acúmulo de Cs-137 dos habitantes das áreas contaminadas. Estes níveis, que são baseadas em dados disponíveis sobre o efeito de radionuclídeos incorporados na saúde, são de 30 a 50 Bq/kg para crianças e de 70 a 75 Bq/kg para adultos. Em algumas aldeias da Bielorrússia, em 2006, algumas crianças tinham níveis de até 2.500 Bq/kg! 5. A experiência do Instituto BELRAD na Bielorrússia demonstrou que medidas de desincorporação devem ser introduzidas quando os níveis de Cs-137 se tornarem maiores que 25 a 28 Bq/kg. Isto corresponde a 0,1 mSv/ano, o mesmo nível que de acordo com a UNSCEAR uma pessoa inevitavelmente recebe de radiação externa vivendo nos territórios contaminados. 6. Devido ao consumo individual e familiar de alimentos e a variável disponibilidade local de alimentos, monitoramento permanente de radiação em produtos alimentares locais é necessário em conjunto com medições de níveis de radionuclídeos individuais, especialmente em crianças. Deve haver um enrijecimento generalizado nos níveis admissíveis de radionuclídeos em alimentos locais. 7. A fim de diminuir a radiação a um nível considerado seguro (1 mSv/ano) para aqueles em áreas contaminadas da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia é considerado boa prática: • Aplicar fertilizantes minerais pelo menos três vezes por ano em todas as terras agrícolas, incluindo hortas, pastos e campos de feno. • Adicionar lignina solúvel e K em ecossistemas florestais dentro de um raio de até 10 km de assentamentos para a redução efetiva de Cs-137 em cogumelos, nozes e frutas silvestres que são importantes alimentos locais. • Fornecer consumo individual regular de solventes parentéricos de pectina natural (derivado de maçãs, groselhas, etc) durante 1 mês, pelo menos quatro vezes por ano e incluir sucos com pectina diariamente para crianças em creches e escolas para promover a excreção de radionuclídeos. • Adotar medidas preventivas em leite, carne, peixe, vegetais e outros produtos alimentares locais para reduzir os níveis de radionuclídeos. • Usar solventes parentéricos (ferrocianetos, etc) quando animais de corte estiverem na engorda. 8. Para diminuir os níveis de doenças e promover a reabilitação é uma boa prática nas áreas contaminadas fornecer: • Avaliação individual anual de níveis reais de radionuclídeos incorporados usando um contador de radiação de corpo inteiro (para crianças, isto deve ser feito trimestralmente). • Reconstrução de todos os níveis individuais de radiação externa do período inicial após a catástrofe usando dosimetria EPR e medição de aberrações cromossômicas, etc. Isto deve incluir todas as vítimas, incluindo aqueles que saíram das áreas contaminadas – liquidadores, evacuados e migrantes voluntários e seus filhos. • Consultas genéticas obrigatórias nos territórios contaminados (e voluntária para todos os cidadãos em idade fértil) devido aos graves riscos de malformações congênitas nos descendentes. Usando as características e o espectro de mutações no sangue ou na medula óssea de futuros pais, é possível definir o risco de dar à luz a uma criança com graves malformações genéticas e assim evitar tragédias familiares. • Diagnóstico pré-natal de graves malformações congênitas e apoio a programas de aborto para as famílias que vivem nos territórios contaminados da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia. • Triagem oncológica regular e práticas médicas preventivas e antecipatórias para a população dos territórios contaminados. 9. A catástrofe de Chernobyl mostrou claramente que é impossível fornecer proteção contra a contaminação radioativa usando apenas recursos nacionais. Nos primeiros 20 anos, o dano econômico direto à Bielorrússia, Ucrânia e Rússia ultrapassou 500 bilhões de dólares. Para mitigar algumas das consequências, a Bielorrússia gasta cerca de 20% do seu orçamento anual nacional, a Ucrânia até 6% e a Rússia até 1%. Ajuda internacional em larga escala será necessária para proteger as crianças por pelo menos nos próximos 25 a 30 anos, especialmente aquelas na Bielorrússia porque os radionuclídeos permanecem nas camadas de raízes mais profundas do solo. 10. O não fornecimento de iodo estável em abril de 1986 para aqueles nos territórios contaminados levou a um aumento substancial no número de vítimas. Doenças de tireoide são uma das primeiras consequências quando uma usina nuclear falha, portanto um sistema confiável é necessário para levar esta substância química simples para todos aqueles no caminho da contaminação nuclear. Está claro que os países com usinas nucleares devem ajudar a todos os países estocar iodeto de potássio em caso de outra catástrofe da uma usina nuclear. 11. A tragédia de Chernobyl mostrou que sociedades em qualquer lugar (e especialmente no Japão, França, Índia, China, Estados Unidos e Alemanha) devem considerar a importância da monitorização independente de radiação de alimentos e níveis individuais de radiação com o objetivo de amenizar o perigo e prevenir danos adicionais. 12. O monitoramento de radionuclídeos incorporados, especialmente em crianças, é necessário em torno de todas as usinas nucleares. Esta monitorização deve ser independente da indústria nuclear e os resultados devem ser disponibilizados para o público.



15.7. Organizações Associadas com a Indústria Nuclear Protegem a Indústria Primeiro – Não o Público 1. Uma lição importante da experiência de Chernobyl é que especialistas e organizações ligadas à indústria nuclear têm rejeitado e ignorado as consequências da catástrofe. 2. Em apenas 8 ou 9 anos após a catástrofe um aumento generalizado de catarata foi admitido por autoridades médicas. O mesmo ocorreu com câncer de tireoide, leucemia e distúrbios do sistema nervoso central. Lentidão no reconhecimento de problemas óbvios e os atrasos resultantes na prevenção da exposição e mitigação dos efeitos jazem na porta de defensores da indústria nucleares mais interessados em preservar o status quo do que ajudar milhões de pessoas inocentes que estão sofrendo sem terem culpa. É preciso mudar o acordo oficial entre a OMS e a AIEA (WHO, 1959) que fornece maneiras de ocultar do público qualquer informação que pode ser indesejada pela indústria nuclear.


15.8. É Possível Esquecer Chernobyl 1. Os dados crescentes sobre os efeitos negativos da catástrofe de Chernobyl para a saúde pública e a natureza não é uma boa sinalização para otimismo. Sem programas especiais nacionais e internacionais de larga escala, a morbidade e mortalidade nos territórios contaminados aumentarão. Moralmente é inexplicável o que os especialistas associados com a indústria nuclear dizem: "É hora de esquecer Chernobyl". 2. Políticas sólidas e eficazes, nacionais e internacionais, para mitigar e minimizar as consequências de Chernobyl devem ser baseadas no princípio: "É necessário aprender e minimizar as consequências desta terrível catástrofe".


15.9. Conclusão O presidente dos EUA, John F. Kennedy falando sobre a necessidade de parar os testes nucleares na atmosfera, disse em junho de 1963: . . . O número de crianças com câncer em seus ossos, com leucemia no sangue, ou com veneno em seus pulmões pode parecer estatisticamente pequeno para alguns, em comparação com os perigos naturais à saúde, mas este não é um perigo natural para a saúde – e não é uma questão estatística. A perda de até mesmo uma vida humana ou a malformação de apenas um bebê – que pode nascer muito depois que nos formos – deve ser motivo de preocupação para todos nós. Nossos filhos e netos não são apenas estatísticas, às quais podemos ser indiferentes. A catástrofe de Chernobyl demonstra que a vontade da indústria nuclear em arriscar a saúde da humanidade e nosso ambiente, com usinas nucleares vai resultar, não só teoricamente, mas na prática, no mesmo nível de perigo que as armas nucleares.



Referências Chernobyl Forum (2005). Environmental Consequences of the Chernobyl Accident and Their Remediation: Twenty Years of Experience. Report of the UN Chernobyl Forum Expert Group “Environment” (EGE) Working Draft, August 2005 (IAEA, Vienna): 280 pp. (//www-pub.iaea.org/MTCD/publications/PDF/ Pub1239_web.pdf). Kennedy, J. F. (1963). Radio/TV address regarding the Nuclear Test Ban Treaty, July 26, 1963 (//www.ratical.org/radiation/inetSeries/ChernyThyrd.html). Mulev, St. (2008). Chernobyl’s continuing hazards. BBC News website, April 25, 17.25. GMT (//www.news.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/4942828.stm). WHO (1959). Resolution World Health Assembly. Rez WHA 12–40, Art. 3, §1 (//www.resosol.org/InfoNuc/IN_DI.OMS_AIEA.htm). Conclusão do Capítulo IV Nos últimos dias da primavera e início do verão de 1986, radioatividade foi liberada da usina de Chernobyl e caiu sobre centenas de milhões de pessoas. Os níveis resultantes de radionuclídeos eram centenas de vezes maiores do que os da bomba atômica de Hiroshima. As vidas de dezenas de milhões foram destruídas. Hoje, mais de 6 milhões de pessoas vivem em terras com níveis perigosos de contaminação do solo – e continuarão contaminadas durante décadas ou até séculos. Então, perguntas pertinentes são: como viver e onde viver? Nos territórios contaminados pela precipitação de Chernobyl é impossível praticar a agricultura de forma segura; impossível trabalhar com segurança na silvicultura, na pesca e caça; e é perigoso usar produtos alimentares locais ou beber leite e até mesmo água. Aqueles que vivem nessas áreas perguntam como evitar a tragédia de um filho ou filha nascido com malformações causadas pela radiação. Logo após a catástrofe essas sérias questões surgiram entre as famílias dos liquidadores, frequentemente tarde demais para evitar a tragédia. Durante este tempo, complexas medidas para minimizar os riscos na agricultura e silvicultura foram desenvolvidos para aqueles que vivem nos territórios contaminados, incluindo a organização de proteção contra radiação individual, suporte para produção agrícola livre de radiação, e maneiras mais seguras na prática da silvicultura. A maioria dos esforços para ajudar as pessoas dos territórios contaminados são conduzidos por programas estatais. O problema com esses programas é a duplicidade de fornecer ajuda enquanto espera minimizar as acusações de que a precipitação radioativa de Chernobyl causou danos. Para simplificar a vida para aqueles que sofrem dos efeitos da radiação uma grande quantidade de trabalhos educacionais e organizacionais tem que ser feito para monitorar radionuclídeos incorporados, monitorar (sem exceções) todos os géneros alimentícios, determinar doses cumulativas individuais usando métodos objetivos e fornecer aconselhamento médico e genético, especialmente para crianças. Mais de 20 anos após a catástrofe, em virtude da migração natural de radionuclídeos, o perigo resultante nessas áreas não diminuiu, mas aumentou e continuará a crescer por muitos anos à frente. Assim, há a necessidade de expandir os programas para ajudar as pessoas que continuam sofrendo nos territórios contaminados, e isso exige assistência internacional, nacional, estadual e filantrópica.


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